autor(a): Oduvaldo Vianna Filho; organizador(a): Maria Silvia Betti; posfácio: Maria Aparecida Ruiz

Nossa vida em família


Escrita em 1971, "Nossa vida em família", elaborada em um contexto de arrocho salarial e crise no sistema nacional de habitação, coloca nos palcos a temática da dissolução da instituição "família" enquanto núcleo inabalável da vida social.

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O livro

FICHA TÉCNICA

Gênero teatro nacional
Formato 14 x 19 cm
Peso 190 g
ISBN 978658724337
Publicação 2024

Escrita em 1971, Nossa vida em família é a segunda versão de Em família, peça que Oduvaldo Vianna Filho havia escrito com a colaboração de Paulo Pontes e Ferreira Gullar. Elaborada em um contexto de arrocho salarial e crise no sistema nacional de habitação, a obra coloca nos palcos a temática da dissolução da instituição "família" enquanto núcleo inabalável da vida social.

A trama se inicia numa reunião de família, na casa de Sousa e Lu em Miguel Pereira, bairro da capital carioca. Estão presentes quatro dos cinco filhos do casal. A aparente reunião ordinária é motivada pelo aviso sobre o aumento do aluguel, devido à morte do proprietário do imóvel, e o início da busca de um novo lar para os pais. A resolução temporária encontrada pelos filhos, até que cheguem a um acordo, acaba por separar fisicamente o casal: Lu permanece no Rio de Janeiro morando com o filho mais velho, Jorge, enquanto Sousa é acolhido pela filha que mora em São Paulo, Cora. Ao longo da peça, questões individuais e conflitos entre os irmãos acabam por dificultar a junção do casal novamente.

Na elaboração da obra, Vianna viu no enredo roteirizado do filme Make Way for Tomorrow (A cruz dos anos), de 1937, inúmeros aspectos que também eram, nos anos 70, observados na realidade social e econômica da pequena classe média brasileira. Dentro dela, mais especificamente entre os idosos, que depois de uma vida de trabalho se viam à margem do sistema produtivo e descobriam ser nada mais que sucata afetiva no âmbito das próprias famílias.

No plano da linguagem, a peça representa uma interessante convergência de dois estilos teatrais frequentemente mobilizados pelo dramaturgo, porém, até então, nunca em uma mesma peça: o drama de gerações e a comédia. 


SOBRE A EDIÇÃO DA TEMPORAL


- Apresentação por Maria Sílvia Betti;
- Posfácio por Maria Aparecida Ruiz;

- Fichas técnicas das apresentações;

- Sugestões de leitura.


Clássico da dramaturgia brasileira dos anos 1970 é lançado em nova edição 1

O autor Oduvaldo Vianna Filho


O AUTOR


Oduvaldo Vianna Filho nasceu no Rio de Janeiro em 1936, filho de um dramaturgo (Oduvaldo Vianna) e de uma radialista (Deocélia Vianna). Ligado à militância política comunista por influência de seus pais, cresceu em contato com quadros históricos do PCB (Partido Comunista Brasileiro). Ao ingressar no movimento estudantil, ainda na adolescência, organizou, juntamente com Gianfrancesco Guarnieri e outros companheiros, o Teatro Paulista do Estudante. Ao longo de sua carreira Vianna participou de frentes de trabalho fundamentais para a renovação da dramaturgia e do teatro como veículos de reflexões estéticas e políticas: o Teatro de Arena de São Paulo, o Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (CPC), e o grupo Opinião, do Rio de Janeiro. No CPC seu trabalho teve crucial importância para a criação de um teatro político de rua, de que ele participou como dramaturgo e como ator.


Em 1964, com o golpe e a implantação do regime autoritário, a perseguição política tornou impossível a continuidade do projeto cultural que ali se desenvolvia, e a prioridade artística e política de Vianna, dentro dessa nova e difícil conjuntura, passa a ser a resistência ao golpe, entendida como primeiro passo para a luta contra o autoritarismo.


Em 1968, com o Ato Institucional número 5, é implantada a censura prévia aos meios de comunicação, e acirra-se a repressão a todos os que se ligassem à militância e à arte de esquerda. A necessidade de trabalhar e o desejo de atingir outras faixas de público levam Vianna a estreitar seus laços com a televisão, já que todas as suas peças haviam passado a ser sumariamente proibidas pela censura. Escrevendo inicialmente para o programa de teleteatro de Bibi Ferreira (Bibi – Série Especial), na Tupi do Rio de Janeiro, Vianna (juntamente com seu ex-companheiro do CPC, Armando Costa) passa, em 1973, a criar, na TV Globo, os roteiros de A Grande Família, programa em que o talento de comediógrafo herdado de seu pai, Oduvaldo Vianna, se fez sentir.


A censura impediu que a grande maioria das peças que Vianna escrevera após o golpe fossem encenadas, mesmo que tivessem sido premiadas pelo concurso de dramaturgia do Serviço Nacional de Teatro, como Papa Highirte (1968) e Rasga coração (1974), seu último trabalho.