Nascida em 20 de outubro de 1946, na cidade austríaca de Mürzzuschlag, Elfriede Jelinek cresceu em Viena, cidade natal de sua mãe, Olga Ilona, pertencente a uma próspera família burguesa. Seu pai, Friedrich Jelinek, de origem tcheco-judaica, era químico. Ainda na infância, Jelinek recebeu formação musical, por insistência de sua mãe. Já no ensino superior, Jelinek passa a se dedicar ao teatro e à história da arte na Universidade de Viena. A incursão de Jelinek pela escrita tem início com a poesia. Em 1967, aos 20 anos, Jelinek lança a coletânea de poemas Lisas Schatten [A sombra de Lisa]. Quando se torna membro do movimento estudantil, a autora passa a se dedicar à escrita de romances de teor crítico: Wir sind Lockvögel baby! [Somos as iscas, baby!] (1970) e Michael. Ein Jugendbuch für die Infantilgesellschaft [Michael. Um livro juvenil para uma sociedade infantil] (1972). Dando continuidade à escrita de romances, Elfriede Jelinek lança novas obras, entre elas Die Liebhaberinnen [As amantes] (1975) – primeiro sucesso de público; Die Ausgesperrten [Os excluídos] (1980); o autobiográfico A pianista (1983), livro que foi transformado em longa-metragem pelo diretor austríaco Michael Haneke, e publicado no Brasil em 2011 pela editora Tordesilhas; e o sucesso de crítica Desejo (1989), também traduzido e publicado pela Tordesilhas em 2013. Sua primeira peça de rádio, Wenn die Sonne sinkt ist für manche schon Büroschluss [Quando o sol se põe, o expediente já acabou para certas pessoas], data de 1974. Desde então, a autora não cessou a escrita de textos teatrais e passou a publicar um grande número de peças para rádio e teatro. São mais de trinta publicadas e encenadas, dentro e fora da Áustria. Apesar de sua posição de destaque no meio teatral, O que aconteceu após Nora deixar a Casa de Bonecas ou Pilares das Sociedades (1979) é a primeira peça da autora publicada no Brasil. Elfriede Jelinek é a única escritora austríaca vencedora de um prêmio Nobel de Literatura. Caracterizados por um desejo experimental, uma nitidez satírica e uma franqueza intransigente, seus textos, considerados transgressores, são permeados por categorias que estão fortemente enraizadas na sociedade austríaca e representam o horror para a autora: o patriarcado, o capitalismo, o fascismo e o humanismo burguês-cristão.